TODO APOIO À RETOMADA “NOVA YVU VERA” E A TODAS AS RETOMADAS GUARANI E KAIOWÁ

19/04/2023 19:16

Na sexta feira, 7 de abril de 2023, o povo Guarani Kaiowá avançou em retomada do tekoha Nova Yvu Vera no município de Dourados, onde ocuparam uma área que tem sido grilada pelos interesses da especulação imobiliária. A empresa em questão é a Corpal Incorporadora e Construção, empreiteira multimilionária, que visa a construção de um condomínio de luxo em área que espera sua demarcação pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). A retomada Nova Yvu Vera é composta por mais de 113 famílias que lutam pela demarcação de seus territórios.

Conforme destacado pelo CIMI, a Corpal é proprietária de outros condomínios de luxo na região e está entre as mais de 60 empresas da família Fuziy, entre elas: Corpore, Quality e Transcol. A empresa atua em uma ampla gama de empreendimentos que envolvem desde construção e administração imobiliária até transporte de combustíveis, investimentos, financiamento de crédito para empresas e armazenamento de produção agropecuária. O CIMI ainda demonstrou que entre os anos de 2020 e 2021, as vendas da empresa saltaram 103%, alcançando mais de R$ 700 milhões com negócios distribuídos por diversas cidades do estado de Mato Grosso do Sul, Paraná, Mato Grosso e São Paulo. A Corpal compõe o projeto em curso de novas ofensivas de grandes empreendimentos capitalistas no campo e na cidade e possui total respaldo do poder estatal.

Há alguns meses, a empresa tem invadido a área colocando estacas, maquinários, materiais de construção e direcionado os trabalhadores a começarem a construção ilegal do que objetiva ser um grande condomínio nas terras que são contíguas à Reserva de Dourados (composta por duas aldeias, Bororó e Jaguapiru), reserva indígena mais populosa do país com mais de vinte mil pessoas.

Nesse contexto de grilagem de terras por empresas multimilionárias que visam grandes empreendimentos em territórios Guarani Kaiowá, o Estado foi, mais uma vez, conivente com os ataques contra os povos originários, criminalizando a luta das/os que resistem em defesa de suas terras. Na ocasião, dez indígenas Guarani, Kaiowá e Terena foram presos arbitrariamente em uma operação articulada pela Tropa de Choque e pelo Batalhão da Polícia Militar (BOPM) na manhã de 8 de abril.

Entre as pessoas que foram presas, estava um idoso de 77 anos, que posteriormente foi liberado através da intermediação da Defensoria Pública do Estado (DPE). As outras nove pessoas permanecem detidas, acusadas de forma mentirosa de associação criminosa, dano ao patrimônio privado e ameaça. Ademais, a operação ocorreu sem mandado judicial, prática sociopolítica do Estado que tem sido frequente nos ataques sistemáticos contra as retomadas no sul de Mato Grosso do Sul. Vale destacar que nos meses anteriores, outros indígenas foram presos por lutarem em defesa e retomada de seus territórios contra o poder corporativo e milionário da soja na região com propriedades privadas sobrepostas às terras Guarani e Kaiowá.

Enquanto Associação de Geógrafas e Geógrafos Brasileiros (AGB), comprometidas/os com a luta coletiva pela vida e pela terra, manifestamos nosso completo apoio e solidariedade à retomada do tekoha Nova Yvu Vera. E expressamos nosso repúdio ao avanço dos empreendimentos capitalistas e ao terrorismo de Estado.

CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DA LUTA POR VIDA E TERRITÓRIO!

FORA CORPAL E OS EMPREENDIMENTOS CAPITALISTAS!

TODA SOLIDARIEDADE À RETOMADA NOVA YVU VERA!

 

Dourados, MS, 17 de abril de 2023

AGB – Seção Dourados